Blog da Rosinha

Archive for julho 2021

Palavras tão comuns, tão faladas, mas tão pouco entendidas. As pessoas falam muito que estão estressadas, ansiosas e deprimidas, mas muitas delas não tem a real noção do que essas doenças podem causar a uma pessoa. E, o pior, muita gente tacha essas doenças como frescura, falta de Deus etc. Não sou médica, não sou psicóloga, não sou especialista em saúde mental, mas sei muito bem o que cada uma dessas chamadas “dores da alma” faz com as pessoas. Pessoas extremamente alegres perdem o brilho nos olhos e a alegria em viver. A ansiedade causa dores de cabeça fortíssimas, falta de ar, dentre outros sintomas. Precisamos, urgentemente, falar mais sobre isso e entender melhor o que cada ser humano sente. E tratar a doença da maneira como deve ser tratada: com empatia, com profissionalismo e, acima de tudo, com muito amor ao próximo.

A vida está cada dia mais corrida. As pessoas acumulam afazeres, afazeres e afazeres. Momentos de lazer estão cada vez mais escassos. E, mesmo nos momentos de lazer e descanso, as pessoas são inundadas de mensagens no WhatsApp falando de serviço. Outro assunto que eu gostaria de tratar: WhatsApp. Por que as pessoas se sentem no direito de te inundarem de mensagens, a qualquer hora, sobre assuntos relacionados ao seu trabalho no seu telefone pessoal? Se fosse pessoalmente e você estivesse no seu horário de almoço, será que seus colegas de trabalho iriam até o local onde você estaria almoçando e te solicitaria serviço naquele momento? Acredito que não. Então, por que eles te inundam de mensagens fora do seu horário de trabalho solicitando serviços? E, o pior, com uma urgência absurda. Isso faz com que a nossa mente não desligue, que não consigamos realmente relaxar e esquecer o trabalho. E isso tem deixado as pessoas cada dia mais doentes. E só mais um detalhe: de graça, pois as empresas não enxergam troca de mensagens no WhatsApp sobre trabalho como hora extra.

Já ouvi vários relatos de pessoas que acordam e não tem a mínima vontade de ir trabalhar. Outras que chegam no serviço e a cabeça não para um minuto, fazendo com que a pessoa se perca numa infinidade de pensamentos e prejudique a sua produtividade. Relatos assim já eram comum, mas parece que se intensificaram depois da pandemia. As pessoas, simplesmente, não conseguem focar, não conseguem produzir e a cobrança em cima delas só aumenta. E essa cobrança, além de vir de seus superiores e colegas de trabalho, vem da própria pessoa. E ela entra num loop infinito de se preocupar com as coisas que tem que fazer e não conseguir fazer essas coisas porque está preocupada com tudo isso. E quando mais ela se preocupa, mais ela trava e não consegue sair desse loop.

Em 2015 houve um estudo em que a OMS dizia que ansiedade, depressão e estresse seriam as doenças mais comuns do mundo. E, naquela época, eles ainda não tinham ideia do que estaria por vir. Se sem a pandemia a previsão era essa, imagina tudo isso agravado pelas incertezas, pelo medo e pela privação do lazer que vivemos em 2020 e continuamos vivendo em 2021. Acredito que as pessoas que tenham a exata noção de tudo o que tem acontecido no mundo nos anos de 2020 e 2021 não estejam, de fato, bem. Por mais que todos nós respondamos “tudo bem” quando alguém nos pergunta como estamos, nós, de fato, não estamos bem. Eu tenho respondido que “estou funcional” e muitos me perguntam “o que significa isso?”. Eu digo: significa que estou conseguindo fazer o possível no meu serviço e na minha vida pessoal, mas que minha produtividade está extremamente abalada, pois tenho exata noção de que não estou rendendo o meu melhor, mas tenho plena convicção de que estou fazendo o melhor possível. Mas nem sempre esse melhor possível é suficiente para a empresa. A nossa cultura empresarial nos enxerga como máquinas, não como seres humanos. É uma cultura de exploração do funcionário e não de valorização.

Diante de tudo isso, penso que as questões trabalhistas deveriam ser revistas e o relacionamento entre os colegas de trabalho também, principalmente o relacionamento de chefia. Entendo que as pessoas têm urgência em determinados serviços, mas respeitar o momento de descanso do outro é fundamental. Temos que acabar com a ideia de que enviar mensagens no WhatsApp do colega solicitando serviço, fora do horário de trabalho, é algo normal. Temos que entender que determinados tipos de mensagem são invasivos e não mandar. Temos que entender que ansiedade, depressão e estresse são doenças reais que acontecem com qualquer um, independente da vontade da pessoa. E temos que enxergar essas doenças com os mesmos olhos que enxergamos qualquer outra, tirando o estereótipo da frescura e da doença de gente mimada (sim, já ouvi isso de algumas pessoas e fiquei extremamente chateada com a falta de empatia). Quero muito acreditar que o mundo está passando por mudanças e que essas mudanças são para melhor, mas estou cada dia mais “desesperançosa” com tudo o que tem acontecido.

Por isso, faço um apelo aos meus queridos leitores: sejam empáticos com seus colegas! Evitem interromper o momento de descanso alheio! Ao perceber que uma pessoa está mais cabisbaixa e não está produzindo como antes, converse com ela, mas converse no sentido de tentar entender o que está acontecendo e não no sentido da cobrança. Ofereça ajuda sempre que puder, mas saiba respeitar o espaço do outro. 🙂



  • Aline Monteiro: Perfeito, Rosinha. O jogo foi muito bom!! As meninas entregam muito mais do que a seleção masculina e seus mil holofotes. E não só no futebol: que
  • Lilian: Obrigada, minha amiga querida! Vou contar nossa história tão improvável e tão surpreendente!!
  • Bruna Franco Barbosa Monteiro: Nivaldo, vc escreve muito bem, encantada! Sou estudante de psicanálise e estava lendo sobre a História da Lilly Braun e cheguei até aqui! GratidÃ